✿ 29/03/2025
✿ 14/04/2025
Ok poderia ser um diário guardado a sete chaves. Eu poderia me reservar, mas se eu me reservasse, não seria eu. Vamos compartilhar… eu não tenho vergonha (agora) do que sinto, do que penso.
É curioso, confuso, engraçado, uma piada, da medo, é caotico, não é linear e não tem um destino.
Por exemplo, nesse exato momento ele me mandou uma mensagem que me deixou totalmente desconcertado. A gente (sim eu me trato como a gente) pensa em dar uma resposta engraçadinha, meio flertando mas dessa vez vou escolher só sentir, só aproveitar.
Sabe quando você sente que encotrou alguém que vc esta disposto e que quer contruir algo concreto. Querer compartilhar cada detalhe da minha pessoa, não propositalmente e planejado, mas organicamente de forma gradual. Quando aos poucos você vai entendendo os trejeitos, as manias as qualidades e defeitos de uma pessoa.
Eu sei que grande parte desses sentimentos são expectativas e projeções, mas sim eu fiz terapia!! E uma coisa que aprendi foi que tudo bem criar expectativas!!! É mais pra criar mesmo, afinal qual o sentido de continuar se eu não espero nada? Vamos curtir a realidade e a expectativa. Eu tenho muito pra dizer muito pra sentir muito pra viver, ta tudo desorganizado aqui dentro e isso é tão bonitinho.
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✿ 19/04/2025
O dia começou cedo, as cinco e meia já estava me revirando na cama na ansiedade de levantar e começar o dia. Sabe aquela sensação do dia anterior a uma viagem, era exatamente isso que eu estava sentindo. As seis horas acordei pra conferir se ele tinha embarcado, e lá estava “estou na fila do ônibus”. Voltei a cochilar, quando acordei com a intenção de enrolar por saber que ele ia demorar, afinal 3 horas de viagem, me surprendi com o localizar dele apenas a uma hora distância, me apressei deixei a ideia de levar um sanduiche de queijo com goiabada pra ele de lado, achei que não comeria.
Ao som de locomia com um frio na barriga e vontade de explodir cheguei na rodoviária e comprei uma água pra ele (será que tudo bem eu abrir e dar um gole?), e esperei por volta de 15 minutos. Quando ele chegou esqueci tudo, esqueci como se conta, esqueci a ordem dos números do portão de embarque, fui na direção contrária, voltei e ele tava lá exatamente onde eu estava antes.
Seus 1,79 não pareceram tão alto do lado do meu tênis mais alto que escolhi propositalmente. Tão lindo, tão cheiroso, um sereninho, uma garoa. Nos abraçamos longamente e desconcertados acabamos também dando um aperto de mão. Menti com o clássico “ufa agora que já nos encontramos a ansiedade passou…” mas a verdade é que eu tava morrendo tentando decifrar cada olhar, todos desconhecidos, cada resposta tímida.
Sera que ele me achou diferente? Feio? Será que ontem ele realmente estava estranho comigo por mensagem? Quais as expectativas dele? O que eu tenho que falar? Não sabendo o que falar recorri aos planos, vamos de aquaviário? Atravessamos o mar de Vitória a Vila Velha, onde a cada curva dizia ele que achava que já tinha passado por alí. Dois anos atrás quando ele veio a Vitória pela última vez.
Ao chegar na Prainha fomos direto pra casa, sim o primeiro interesse romântico, em 27 anos de vida que me sinto confortável para isso. Encontramos a zeladora na subida e na minha cabeça ela nos entregou um pouco mais de simpatia que o normal ao ver que eu tava acompanhado, e percebendo que eu estava acompanhado. Entramos lhe servi água e ofereci uma fruta. Mostrei meu quarto,
- Aqui meu quarto que você tinha perguntado como era.
- Olha a cobra coral. Nossa q linda essa planta…
- Você se importa se eu trocar de roupa aqui?
Sim foi premeditado, não ia perder a oportunidade de provocar. Ele não se importou, troquei de roupa alí na frente dele, acho que ele sorriu. Descemos para praia, um caminho que sempre faço se transformou em algo totalmente diferente com a companhia dele. Aos poucos nos tornando mais confortáveis um com outro, conversavamos mas também ficavamos em silêncio. O encostar de joelhos do aquaviário foi evoluindo para um passar de protetor solar, um abraço dentro da mar, um beijo.
Eu olhava pra areia e ao mesmo tempo que vigiava nossas coisas me constrangia com as pessoas olhando pra gente. Na minha cabeça todos estavam nos observando.
Creuza, a vendedoura de ostra ou a manifestação de Jussara, chegou com sua bandeja e se quer tentou nos vender algo. Aos seus 70 anos de idade, aparentando no máximo 50, olhou pra mim sorridente e perguntou - Seu marido? Óbvio que eu não perderia a oportunidade de entrar em um roleplay de casamento gay. Concordei e foi ai que a magia começou. Com seu ar de embriaguez pediu a permissão pra nos compartilhar um pensamento de Chaplin. Demos a permissão, e foram vários e vários e vários pensamentos,
Sei que, ao me afirmar como sou, perco muita gente. Mas também sei que, ao me esconder, perco a mim mesmo. Sejam felizes vivam, não liguem pra ninguém vivam a sua verdade.
E em meio a vários conselhos, elogios a nossa aparência, e comentários abusados que testavam nossa paciência, nos pegamos recebendo uma mensagem de sabe se lá quem. E se o sentido do tarot é o de que se em mil cartas essa saiu pra mim, logo vou aprender com ela, então, se em mil banhistas essa senhora parou pra falar essas coisas com a gente, vamos aprender com isso.
Chegando a hora do almoço fomos de bike para prainha almoçar, carreguei ele pela primeira vez. Um carro passou, gritaram - viaaado. Parece que os héteros fazem isso quando não tem certeza se as vítimas realmente são gays ou se são héteros agindo de forma gay. Percebi que quando eles vem que realmente são gays eles só olham, parece ser uma mistura de curiosidade com perplexidade que homens podem trocar afetos sem utilizar de artifícios como brincadeiras bobas e gostosas. Eu descreveria que é um olhar de contato alíenigena de primeiro grau, junto com um impulso infantil de homens adultos que mentalmente não sairam do fundamental.
No restaurante após sermos abordados por mais mil vendedores e pedintes, pedi pra descansar meu pé em seu colo. Lembrei que esqueci o bloco e o giz pastel que comprei pra gente desenhar. Estavamos mortos de cansaço, com o corpo de maresia e sensação de pós praia. Ignoramos os mil planos que eu tinha planejado e viemos pra casa.
Coração acelerado, inseguro e nervoso. Você precisa de toalha? Quer ir tomar banho primeiro? - Sim só me mostra onde é.
Enquanto ele tomava banho coloquei Sufjan Steven baixinho pra tocar, ele saiu do banho veio pro quarto só de toalha. Meu Deus. Fui tomar banho, pensei como que vou sair do banheiro? De toalha, de bermuda sem camisa, sem cueca ou com cueca? Tomei o banho tirei o sal escovei os dentes. Quando entrei no quarto ele estava deitado na minha cama lendo meu volume 1 de Vagabond. O quarto todo estava com o cheiro dele, que felizmente ainda persiste hoje.
- Tem espaço pra mim ai?
- Tem a cama é sua.
Deitei no lado dele colado na parede. Segundo ele eu estava muito quente, não é de se admirar quando se toma banho fervendo. Ele virou pra mim, os dois pós banho com alguns resquícios de gotas nas costas e no ombro, cabelo molhado. Os rostos pertos, toques nos cílios, no nariz, orelha, barba, pés, pernas, pelos. Beijo. Língua.
Às 17h, depois de descansar e tomar outro banho, agora juntos, corremos pra tentar pegar o por do sol na ciclovia da terceira ponte. A intenção era de dividir o fone e ouvir a música que fez ele lembrar de mim.
“Sempre que der, eu vou pra praia contigo Isso combina com a minha vida, comigo, é o que eu preciso”
Nublado, céu escuro com pontos de luminosidade, vento fresco. Subindo a ponte disse - Me abraça. Agora com seu rosto no meu ombro seus braços na minha cintura atravessamos de um lado pro outro e de outro pra um lado. Mágico tu dum mágico tu dum.
Encerrando a noite, voltamos para praia deitei no colo dele e conversamos conversamos, falei que estava sendo um ano bom já que veria a Lady Gaga e conheci ele, o que fez ele dar aquele sorriso diferente e especial novamente. Já não parecia que era o primeiro dia. Compartilhamos inseguranças, problemas pessoais, experiências boas e ruins, gostos, silêncios. Parte do esgotamento social veio de tentar descobrir o que se passava na cabeça dele o tempo todo, querer falar algo o tempo todo, afinal estavamos nos encontrando pra nos conhecer, mas o silêncio também era bom. Fizemos promessas trocamos presentes. Abraços sabendo que não nos veremos em pelo menos 3 semanas… nos abraçamos e nos despedimos.
E eu sou lá homem de não me permitir criar expectativas.
✿ 22/04/2025
Será que é muito cedo pra publicar?
✿ 21/06/2025
terminamos